A FILOSOFIA DAS CIÊNCIAS DO SÉCULO XX

O objectivo deste livro é apresentar, numa ordem lógica mais do que cronológica, os principais problemas que, hoje em dia, são discutidos na área da filosofia das ciências. A tese que está na sua origem é de que a relação da filosofia com as ciências não é uma relação de exterioridade: a filosofia não constitui nem o derradeiro fundamento da actividade científica, nem um comentário esclarecedor dos seus resultados. O pensamento filosófico não está em ruptura com a actividade científica; prolonga-a de modo crítico e reflectivo. Esta forma científica da reflexão filosófica foi defendida, em inícios do século XX, pelos membros do Círculo de Viena e continuou a sê-lo pelos seus críticos. Desta forma, a filosofia das ciências no século XX é uma filosofia científica das ciências, que adopta exigências de rigor e um processo metodológico análogos aos da obra na própria ciência. Como todos os ramos da filosofia, a filosofia das ciências alimenta-se dos contributos provenientes de outras áreas que, por sua vez, faz progredir. Neste livro, colocou-se a tónica sobretudo nas interacções entre a filosofia das ciências e a metafísica, a filosofia do espírito e as ciências cognitivas. A contribuição da lógica na filosofia das ciências foi, de igual maneira, importantíssima. Ainda assim, de modo a evitar um tecnicismo demasiado, optou-se por limitar o espaço dedicado às investigações que exploram os recursos mais sofisticados da lógica formal.