O ESPÍRITO DA DÁDIVA

Porque é que damos? Mas, antes de mais, será que ainda damos alguma coisa? Sim, respondem os autores desta obra, e infinitamente mais do que nos querem fazer crer os ideólogos modernos, para os quais as relações entre as pessoas são regidas essencialmente pelo interesse egoísta ou por uma imposição pública, pelo mercado ou pelo Estado. Mas a experiência da dádiva não se limita apenas aos presentes de Natal ou à esmola. Pelo contrário, a dádiva observa-se por todo o lado: na família, nas organizações e nas empresas, no mercado de arte, etc. E o que há de comum entre o Pai Natal, os Alcoólicos Anónimos, as doações de sangue e de órgãos, os presentes de todo o tipo ou os serviços prestados, o dom do artista e, mesmo, o dom ritual das sociedades arcaicas? Esta é a questão a que este livro tenta responder, ao mostrar que toda a sociedade vive na base da dádiva, precisa desta «graça», que mantém a vida dentro dos seus canais normais. Jamais suportaremos que todas as coisas e que todos os serviços sejam produzidos de forma automática, que não sejam senão «produzidos», que nada se situe fora das leis do mercado e das regras do Estado. Teremos, sempre, necessidade de fazer com que as coisas se articulem de uma outra maneira, de fazer «passar» as coisas pela dádiva. Nesta obra pluridisciplinar, a linguagem utilizada é clara e evita o «calão» dos especialistas. Alimentado com inquéritos sobre o terreno originais, e por uma análise crítica aprofundada da literatura existente, este livro apaixonará o grande público que espera conhecer melhor os mistérios da dádiva e os investigadores em ciências sociais que, aqui, descobrirão estimulantes perspectivas.