O FUTURO DO SOCIALISMO

No século XIX, o socialismo inventou o sindicato, a cooperativa e a mútua, assim como diversos partidos políticos. No início do século XX, estes partidos alinhavam em duas correntes principais: uns queriam reformar a sociedade, os outros desejavam a revolução. Ambos foram apanhados nos redemoinhos de um século em que as guerras, as revoluções, as crises económicas, as independências coloniais e as reformas sociais se misturaram. A implosão da URSS, cerca de 1990, e o grande salto da China em direcção ao capitalismo, deram o toque a rebate das esperanças revolucionárias de tipo comunista. A outra corrente principal, a da Internacional Socialista, teria podido, assim, cantar vitória. Mas o facto é que nada tinha a propor para a reconversão da Rússia e da China, nem para a orientação a dar à União Europeia, minada pelo desemprego, à África, corroída por catástrofes, às Américas sobreendividadas e às Ásias que estudam mais ou menos o capitalismo. Nas diversas variantes, o socialismo do término do século XX parece estar acabado. Contudo, no novo século, o XXI, todas as tensões económicas, políticas e culturais que deram vida ao socialismo europeu e, depois, mundial, dos séculos XIX e XX, far-se-ão sentir num mundo trabalhado, por todo o lado, pelo capitalismo. Ao analisar estes conflitos, com os recursos que as ciências sociais podem oferecer, este livro explora, simultaneamente, as orientações que o movimento socialista pode tomar em muitos domínios e em todas as regiões. É este futuro do socialismo, na erradicação obstinada das desigualdades entre povos «desenvolvidos» ou «desprovidos», entre classes dominantes ou dominadas, entre elites e «arraia miúda» entre homens e mulheres. Este futuro está ao nosso alcance, nem que seja abalando os sindicatos e os partidos frequentemente banalizados e, por vezes, moribundos. Um livro fantástico, num tempo em que se acena com a morte das ideologias.