Para uma abordagem subjetiva das relações internacionais

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Na era do retorno das potências, este trabalho de Bertrand Badie oferece um contraponto salutar.

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Na era do retorno das potências, este trabalho de Bertrand Badie oferece um contraponto salutar. A sua longa carreira na análise das relações internacionais, bem como a sua experiência pessoal, deram-lhe a convicção de que os humanos são «a única partícula essencial e verdadeiramente concreta do jogo internacional». As pessoas, sejam elas quem forem, príncipes ou simples cidadãos, têm uma palavra a dizer e o seu contributo deve ser dado, porque estamos a atravessar um mundo onde os velhos códigos já não funcionam. A globalização anda de mãos dadas com a «fragmentação cultural que priva os atores de um código único e universalmente partilhado». O Outro torna-se uma peça central. No entanto, não estamos condenados à fragmentação, à ignorância mútua ou ao conflito sem resultado. Como somos interdependentes, devemos procurar uma «fusão de horizontes», uma forma de encontro construtivo. O Ocidente tende sempre a pensar em si como a referência universal, causando um misto de fascínio (pelos sucessos técnicos) e ódio. Mudar de atitude envolve praticar as virtudes do respeito, da estima e da confiança nos outros, mesmo que não se domine os códigos. Um verdadeiro encontro é possível desde que seja ao nível das «necessidades primárias que reconciliam todos os pensamentos». A mensagem que o eminente especialista em relações internacionais partilha connosco é uma boa notícia: os humanos não estão condenados a desaparecer atrás do determinismo dos jogos de poder.

A principal empreitada da investigação em relações internacionais, cujas grandes linhas orientadoras são esboçadas neste livro, é a compreensão e o domínio dessas subjetividades. Onde antes reinavam a intenção estratégica e uma racionalidade político-militar, prevalecem agora a dissonância das realidades percebidas e uma procura febril de bens simbólicos (reconhecimento, estatuto, posição…) que conduzem os diferentes atores – à semelhança de um Putin ou de um Xi Jinping – a recorrerem alternadamente aos registos económicos, sociais, tecnológicos, religiosos…

Um livro importante e indispensável porque:
– Perante um mundo cada vez mais fragmentado culturalmente, cada vez mais caótico, este livro propõe novas chaves para a sua compreensão.
– Com a guerra na Ucrânia, o crescimento do poderio da China, entre outros, a geopolítica estaria de volta… Nada mais falso, previne-nos Bertrand Badie, que desmonta aqui um conceito cada vez menos operativo para compreender o palco das relações internacionais.

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