TIMOR, POVO TIMOR

«Timor – Povo – Timor» acrescenta a trilogia dedicada a Timor. Um último livro que é prolongamento dos outros três publicados em 91 e 92. Quatro obras que são, agora, reunidas numa edição bilingue, em português e francês, sob o nome de «Timor – Canto Maior». Para que se saiba, por todos os cantos, «a voz de um Povo / metralha / feroz / Se se rouba ao povo / o canto / e a voz!» Um povo que segue sempre em frente, «sem deixar pra trás / as mãos e sementes / que lanças e dás / … que em cada Homem / que há pelos cantos / há mil primaveras / em coros restantes!» E, como sempre, a esperança forte, a confiança desmedida na aposta positiva da vida. António de Oliveira Cruz reafirma, neste «Timor – Povo – Timor», todos os valores fundamentais que perpassam em toda a sua poesia anterior, embora, aqui, surja, pela primeira vez, um elemento: o cavalo. Um cavalo e um louco que «A cavalo louco», como se designa o longo poema, «cortas amarras / de montes e vales / justiça a gritar / cavalgando os mares…» e «trincha-me ente os cascos / os piolhos / que te semearam / ao longo do costado!» E é, por aqui, que esta obra se distingue, mais claramente, das outras anteriores: o incitamento à luta, à revolta física, a uma agressividade necessária. «Masca-me esse freio / bem mascada / e pelo freio / masca braços / unha e olhos!» «Timor – Povo – Timor» revela, assim, uma nova face de António Oliveira Cruz, o fazedor de poemas: o guerreiro.