A INVENÇÃO DO MERCADO

Num grandioso fresco é desenhada, nesta obra, a história das interacções entre Estados e forças de mercado desde a Antiguidade até aos nossos dias, segundo uma periodização tripartida: Comércio longínquo e controlo de mercado, dos impérios da Antiguidade até ao século XVI; Da instrumentalização do mundo até à primeira globalização (1600-1914); Os caminhos incertos da segunda globalização. A história da mundialização, desde a mais alta Antiguidade, é a do movimento das mercadorias, do dinheiro e dos homens através do mundo. É, sobretudo também, a história das relações da economia e do político. O mercado nem sempre existiu: foi necessário inventá-lo. Na verdade supõe que uma oferta autónoma está confrontada com uma procura autónoma e que o preço daí resultante é aceite pelos agentes económicos e deixado livre para variar quando oferta e procura sofrem choques. O capitalismo que, segundo Max Weber, se constitui entre os séculos XII e XIX, acrescenta aos sistemas de mercado condições precisas: detenção dos meios de produção por empresas votadas à busca de lucros e mão-de-obra obrigada a vender-se. Pilotadas pelos Estados, as grandes companhias de comércio concorreram para reforçar as potências nacionais. Ao contrário, a globalização financeira do fim do século xx subordina os Estados aos interesses privados e provoca crises. Reaparece a necessidade de regulação mundial. A história pode bem repetir-se, pois revela quanto a economia de mercado continua a ser uma utopia sempre reinventada e permite precisar as condições pelas quais a sua contestação se pode fazer. Sendo uma invenção política, o mercado continuará sob a influência política.